Diz quem anda nestas andanças há mais tempo, que apesar de numa maratona se sofrer muito, o que custa não é o que se passa no dia da prova. Isso é o culminar, é a festa. O que custa é prepará-la, é treinar duro durante vários meses (12 semanas no meu caso), é abdicar de muitas coisas... Mas tudo isso é compensado com o prazer de cortar a meta após ter completado os míticos 42.195 metros. Hoje eu senti isso "na pele"...
Levantei-me cedo, ainda o sol e o galo estavam deitados. Queria tomar o mesmo pequeno-almoço de todos os dias e ter a certeza de que a digestão estaria feita à hora da prova. Voltei a certificar-me que nada faltava no saco e fiz-me à estrada ao encontro dos meus companheiros da luta. Não estava nervoso, pelo contrário, sabia que o trabalho da casa estava feito (obrigado Branco e todos os companheiros que comigo sofreram treino após treino, km após km) e que agora era acreditar nas minhas capacidades e tentar sofrer o menos possível (pois o sofrer era certo).
À medida que nos aproximávamos do local da partida as condições climatéricas pioravam. A temperatura estava boa mas a chuva e o vento não eram bons aliados. Felizmente as coisas melhoraram e a chuva parou durante toda a Maratona, apenas o vento nos fez companhia, podia ter sido pior.
9 horas, o tiro de partida soou junto ao Palácio de Cristal (uma palavra de felicitação para a organização que esteve muito bem em todos os aspectos) e eu iniciava a minha primeira Maratona.
Os kms iam passando suavemente, dentro do ritmo que estava estipulado (próximo dos 4 min./km) e foi com facilidade que atingi a marca da Meia Maratona, na Afurada. Estava a ser um passeio à beira Douro bastante agradável. E assim continuou até aos 29/30 kms. Aí, no Freixo, com 12/13 kms para cumprir e, como me ia a sentir tão bem, decidi apertar um pouco o andamento.
Mas, como já alguém disse, "meus amigos, a Maratona começa agora, aos 30 kms" (também ouvi outra boa que diz que a Maratona é uma espera de 32 kms para uma prova de 10). Enfim, a Maratona é uma prova de paciência e não perdoa abusos. Acabei por pagar cara esta ousadia. Aos 38 kms as pernas começam a ceder. O ritmo abranda, olho para o cronómetro e ainda é possível fazer as 2h 50 min. que eu quero, só não posso quebrar muito. Mas as pernas não querem colaborar, só a muito custo consigo manter o ritmo nos 4 min. 30 seg./km. Tudo o que eu possa dizer sobre estes kms é pouco. Foram simplesmente os 5 kms mais custosos da minha vida. O público vai incentivando (nos locais onde havia mais público até parece que era mais fácil correr), entro na Avenida da Boavista, começo a avistar os pórticos ao fundo, o meu rosto ilumina-se-lhe, transfigura-se, estou prestes a terminar a minha primeira Maratona. Quando, finalmente, passei a meta o cronómetro marcava 2 horas 52 minutos e 29 segundos. Um tempo ligeiramente acima do que eu tinha idealizado mas, ainda assim, satisfatório. A classificação, pouco importante para o caso, ditava o 56.º lugar da Geral (33.º Sénior).
Foi uma experiência fantástica que pretendo repetir (daqui a uns bons tempos porque os próximos dias serão mais ou menos assim...).
Crónica "roubada" dos Desafios do Hugo [aqui].
Levantei-me cedo, ainda o sol e o galo estavam deitados. Queria tomar o mesmo pequeno-almoço de todos os dias e ter a certeza de que a digestão estaria feita à hora da prova. Voltei a certificar-me que nada faltava no saco e fiz-me à estrada ao encontro dos meus companheiros da luta. Não estava nervoso, pelo contrário, sabia que o trabalho da casa estava feito (obrigado Branco e todos os companheiros que comigo sofreram treino após treino, km após km) e que agora era acreditar nas minhas capacidades e tentar sofrer o menos possível (pois o sofrer era certo).
À medida que nos aproximávamos do local da partida as condições climatéricas pioravam. A temperatura estava boa mas a chuva e o vento não eram bons aliados. Felizmente as coisas melhoraram e a chuva parou durante toda a Maratona, apenas o vento nos fez companhia, podia ter sido pior.
9 horas, o tiro de partida soou junto ao Palácio de Cristal (uma palavra de felicitação para a organização que esteve muito bem em todos os aspectos) e eu iniciava a minha primeira Maratona.
Os kms iam passando suavemente, dentro do ritmo que estava estipulado (próximo dos 4 min./km) e foi com facilidade que atingi a marca da Meia Maratona, na Afurada. Estava a ser um passeio à beira Douro bastante agradável. E assim continuou até aos 29/30 kms. Aí, no Freixo, com 12/13 kms para cumprir e, como me ia a sentir tão bem, decidi apertar um pouco o andamento.
Mas, como já alguém disse, "meus amigos, a Maratona começa agora, aos 30 kms" (também ouvi outra boa que diz que a Maratona é uma espera de 32 kms para uma prova de 10). Enfim, a Maratona é uma prova de paciência e não perdoa abusos. Acabei por pagar cara esta ousadia. Aos 38 kms as pernas começam a ceder. O ritmo abranda, olho para o cronómetro e ainda é possível fazer as 2h 50 min. que eu quero, só não posso quebrar muito. Mas as pernas não querem colaborar, só a muito custo consigo manter o ritmo nos 4 min. 30 seg./km. Tudo o que eu possa dizer sobre estes kms é pouco. Foram simplesmente os 5 kms mais custosos da minha vida. O público vai incentivando (nos locais onde havia mais público até parece que era mais fácil correr), entro na Avenida da Boavista, começo a avistar os pórticos ao fundo, o meu rosto ilumina-se-lhe, transfigura-se, estou prestes a terminar a minha primeira Maratona. Quando, finalmente, passei a meta o cronómetro marcava 2 horas 52 minutos e 29 segundos. Um tempo ligeiramente acima do que eu tinha idealizado mas, ainda assim, satisfatório. A classificação, pouco importante para o caso, ditava o 56.º lugar da Geral (33.º Sénior).
Foi uma experiência fantástica que pretendo repetir (daqui a uns bons tempos porque os próximos dias serão mais ou menos assim...).
Crónica "roubada" dos Desafios do Hugo [aqui].
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